quinta-feira, 24 de novembro de 2016

O Olhar do Artur

Ganhei vários amigos através do espetáculo Jardim – um solo poético para crianças. Ganhei até mesmo alguns “fãs”. Os filhos de alguns amigos que assistiram à peça, agora quando me veem, correm pro abraço gostoso do ombro amigo. Confiança conquistada através da fruição de uma peça de teatro. O que mais uma atriz de 50 anos pode querer!? 
Este desenho é do Artur Zanatta, amigo que muito admiro e que depois da assistência ao jardim a admiração passou a ser mútua. Ele desenhou detalhadamente figurino, cenário, cabelo, maquiagem, incrível. Grata Cristine CondeMauro Zanatta IICarolina Santana e toda equipe deste projeto.


domingo, 16 de outubro de 2016

Colhendo

Hoje realizamos a 16º apresentação de nossa temporada de estreia. Desde a primeira sessão foi possível sentir o potencial desta obra voltada ao público de todas as idades. As crianças estão maravilhadas com esse JARDIM. O adulto que presencia e acompanha esse encantamento das crianças e se deixa contagiar pelo riso solto dos pequenos, pelos silêncios de contemplação, pela envolvimento da platéia enquanto a personagem desta trama, chamada de Aurora,  enfrenta os desafios de sua trajetória. 

Mas e quando essa criança não está presente em maior número na platéia e o adulto não se permite brincar e sorrir e o envolvimento, a identificação não acontece, pelo menos, não como poderia acontecer?

Quando temos plateias de crianças depoimentos sinceros me colocam diante de meu primeiro personagem no teatro para crianças capaz de causar uma identificação e uma comunicação diretas. Ao final da sessão estamos íntimos pois vivemos juntos as aventuras deste personagem "maluco". E essa sensação enebriante provocada pela fruição deste "Jardim" não acontece com plateias predominantemente de adultos.

Quem me ajudou a perceber um pouco dessas coisas foi o Lucas Mattana, companheiro de trabalho, típico "piá de teatro". Filho de um casal de atores, Lucas passou boa parte de sua vida no teatro, rapaz boa pinta, super inteligente e de um coração bem grande. Quase todos os dias, conversamos um pouquinho sobre nossas percepções, filosofamos sobre nossa temporada. E um de seus instigantes cometários sobre o recepção do público foi: " Parece que o adulto precisa da criança para entender esse Jardim".

Isso me faz pensar muito. Durante a semana fazendo apresentações fechadas para crianças de escolas públicas, temos um tipo de experiência e durante os finais de semana, onde temos menos crianças e muito mais adultos a experiência é outra.

Crianças são muito sinceras, principalmente quando estão com outras crianças. Já fiz espetáculos onde as crianças muitas vezes acabavam interferindo de uma maneira desastrosa atrapalhando o desenrolar da trama. Neste casos, com o tempo já sabíamos o que nos esperava na hora da "barriga", termo muito utilizado  no teatro para definir os momentos de dispersão da platéia, quase sempre, nos mesmos pontos do espetáculo apontando possíveis fragilidades. 

Tudo influencia a recepção que a criança tem de um espetáculo, a maneira como ela saiu de casa, a chegada até a escola,  o trajeto da escola ao teatro, a espera até o espetáculo começar. Mas envolver a criança através de um espetáculo onde o fio condutor é a poesia tem me trazido um sentimento de alegria profunda com o trabalho até aqui realizado, ajudando-me a  superar antigos preceitos sobre as dificuldades de se receber uma plateia que as vezes já chega cansada ao teatro.

Tínhamos muitas dúvidas sobre a maneira como a criança iria receber esse espetáculo. Poesia para crianças, falar de vida e morte de forma simples mas profunda, parecia ser bastante arriscado. E é. Cada sessão é diferente. As vezes a plateia é ruidosa, comenta, torce e vibra pela personagem. As vezes o silêncio impera revelando uma criança boquiaberta com suas descobertas. Mas em ambas a curiosidade abre caminho para o encantamento e o teatro acontece.

Muito obrigada equipe! Muito obrigada Cristine Conde, Mauro Zanatta e Carolina Santana!!! Obrigada por essa oportunidade de fabricarmos sonhos preconizando o amor.

Que a gente posso continuar colhendo frutos desse Jardim. Que ele possa suscitar o desejo de pensar e pensar e pensar sobre o teatro e nossas crianças e nossas escolhas...


terça-feira, 13 de setembro de 2016

regando


"Pensar é inventar cores."

O pensamento, o sentido das ideias. É isto o que estamos fazendo, estamos pensando e fazendo escolhas  buscando encontrar o caminho para a construção deste Jardim, o sentido  que queremos imprimir nesta obra.Temos, neste momento, o privilégio de fazer parte de um projeto como este, onde vários artistas juntam-se para plantar uma ideia, apontando um caminho para as nossas crianças.

Começamos o processo de construção deste espetáculo pelo texto e a concepção de cenário, em junho de 2016. Então vimos que precisávamos construir primeiro o cenário, parte fundamental para o desenvolvimento de toda a movimentação das cenas e consequentemente, para a construção desta narrativa.

Desde o começo a atmosfera musical deste tem sido uma incógnita, caminho difícil diante de tantas possibilidades que surgem desde o começo. Mas nenhuma delas tem se mostrado eficientes. Não estamos fazendo uma receita de bolo, estamos inventando uma, buscando o nosso jeito de fazer esse bolo. Neste exato momento estamos questionando quais escolhas faremos para chegamos em um som que faça sentido para essa obra, contribuindo para a fruição das escolhas poéticas que fazemos.

O processo de pensar é, muitas vezes, dolorido, mas também muito prazeroso. Sentimo-nos mais vivos. Deparamo-nos com sentimentos de toda ordem trazidos pelos constantes questionamentos. Mas nem sempre lidamos com eles da melhor forma possível, entendendo qual é a função de cada um de nós dentro deste processo de construção artística. As vezes, e não me cabe aqui julgar os motivos que levam cada um de nos  a não entendemos a grandeza desta oportunidade, eu mesma tenho que lembrar-me todos os dias dela para não perder-me em meio a minha vaidade, deixamos esse momento de criação passar meio despercebido, e perdemos a chance de imprimir nosso olhar sobre o mundo e as coisas do mundo através da busca pelo belo.

Gosto muito disso tudo. E esse processo tem sido muito bom. Somos maduros o suficiente para lidarmos com as dificuldades, o que nos mantem calmos e firmes para entendermos melhor tudo o que estamos fazendo. Afinal estamos construindo uma obra que pretende contaminar o público com toda essa beleza e nem sempre é isto o que vemos nas salas de espetáculos. A tarefa, por vezes prazerosa mas bastante árdua também é para os fortes e obstinados, aqueles que se propõem a viver intensamente.

Vida intensa a todos!!!!!!! Vida intensa ao Jardim





segunda-feira, 29 de agosto de 2016



JARDIM
Um solo poético para crianças

Pode-se dizer, sem dúvida, que criança e poesia pertencem ao mesmo universo. A conexão é imediata. Ambas caracterizam-se pela imaginação, fantasia, sensibilidade e afetividade. A capacidade de construir e desconstruir o mundo. Por isso, é que a poesia mexe tanto com o imaginário da criança, porque as duas possuem a mesma natureza criativa.  Na verdade, a poesia é o brincar que as crianças tanto gostam, só que com as palavras. Fortalecer esta ponte feita das delicadezas de dois mundos foi o que inspirou a montagem do espetáculo Jardim, da Tecer Teatro - Arte, Educação e Cultura.  A peça é um solo poético voltado para crianças, mas que deseja alcançar pessoas de todas as idades.
A estreia será no dia 28 de setembro para público dirigido de escolas públicas. Serão 12 apresentações gratuitas para alunos da rede pública e entidades assistenciais. As apresentações para público espontâneo irão acontecer nos finais de semana do mês de outubro de 1º a 23, aos sábados e domingos, às 16h, no Espaço Excêntrico (Mauro Zanatta), em Curitiba. Visando melhor aproveitamento e entendimento do trabalho, o projeto prevê também ensaio aberto, no dia 21 de setembro, dirigido aos professores da rede pública de ensino.
Jardim conduz o espectador a uma viagem pela existência, contemplando a vida, a passagem do tempo, numa atmosfera de sonho. Aborda questões sobre o viver e o morrer, a partir da natureza, tendo um jardim abstrato como espaço para vivenciar tais processos: nascer, brotar, crescer, dar frutos, voltar a ser semente.
“Nossa intenção com este trabalho é provocar os sentidos, estimular o gosto pela palavra, promover conexões e convidar a criança a um mergulho em infinitas possibilidades”, revela Fabiana Ferreira, atriz, produtora e empreendedora do projeto.
O poeta Manoel de Barros é referência forte no trabalho, a ideia da montagem surgiu no ano em que ele faleceu, 2014. Além de ter uma empatia especial para tudo o que envolve a criança, o escritor sublinha a estreita dimensão dos seres humanos diante da natureza. Além disso, desautomatiza o olhar distraído frente ao universo. “Adulto é aquele que deixou os olhos acostumados. Já a criança inventa mundos, tem a vista arregalada”, cita o texto da peça escrito por Carolina Santana. “Ele dizia que todos nós temos um bauzinho da infância, uma caixinha, uma espécie de cofrinho onde ficam guardadas nossas primeiras impressões, os primeiros cheiros, os primeiros ruídos do vento e das folhas caindo. Crianças gostam de cheiros, de música, de ruídos, de brincar com as palavras, de fazer poesia”, aponta a diretora Cristine Conde que também assina cenário e figurino.
Embora a palavra tenha sido a fonte de inspiração do projeto, o corpo em Jardim tornou-se também veículo forte de expressão. “A Fabiana, além de atriz, é bailarina, com uma enorme capacidade corporal, potencialidades que foram base de criação do espetáculo. Criamos um terrário, um jardim fantástico. Uma partitura de imagens, sons e movimentos com grande impacto visual. Um espetáculo sensorial, artesanal, delicado, que quer envolver a criança em um universo poético, para falar de coisas reais, conta a diretora. Minha função foi costurar tudo isso”, conclui.



Este projeto é uma realização da Tecer Teatro e foi incentivado pela CAIXA por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura.
Serviço:
O quê: Peça Teatral Jardim
Quando: 1º a 23 de outubro de 2016 (sábados e domingos)
Que horas: 16h
Onde: Espaço Excêntrico (Mauro Zanatta)
           Endereço: Rua Lamenha Lins, 1429 - Rebouças
           Telefone: 41 3332 4361

Quanto: R$ 10 e R$ 5 (meia-entrada)
Classificação: Livre
Duração: 40 minutos
Realização: Tecer Teatro – Arte, Educação e Cultura

sábado, 20 de agosto de 2016

Plantando

O processo de criação de um novo espetáculo é sempre algo grandioso, por mais que se busque o simples. Várias pessoas trabalham pra dar vida, forma, cor e sentido. Muitas opiniões diferentes. Muitos artistas juntos, uns maravilhosamente disponíveis para a troca, outros nem tanto e tudo isso precisa ser equalizado para podermos avançar. Mas avançar sem estresse, ou ao menos tentando administrar, cada um o seu, pra que isso não se junte e vire uma bola de neve.

Jardim tem sido uma experiência "feliz". Até aqui, tudo correndo a seu tempo e nos conformes. Não dá pra dizer que tudo é só alegria. Temos feito um trabalho diário muito árduo. O Material que escolhemos para trabalhar é instável, difícil e os desafios aparecem todos os dias. Mas a cada dia gostamos um poco mais dele. As ideias e pequenas soluções vão aos poucos surgindo. Alguns tombos, erros, tropeços, acertos, enfim, processo. Mas tudo sendo administrado com calma e maturidade.

Além dessas poucas palavras, deixo também um vídeo contendo um insight que tive enquanto tomava minha dose diária de homeopatia. Estávamos instigados a buscar justamente objetos sonoros. Havíamos conversado sobre som de vidros, vidrofone, enfim, a vida sempre dá uma mãozinha, principalmente quando temos uma diretora tranquila, que nos passa segurança e confiança necessárias pra gente apenas avançar a cada dia.

Sou muito grata a vida por me colocar diante de pessoas tão especias, sempre. Sou uma pessoa de muita sorte! Nos últimos 2 anos minha vida deu uma guinada. A base de muito sofrimento mas também de muito aprendizado. E principalmente a base do acolhimento de pessoas incríveis.

E viva o amor!!!!!

Acho que esse jardim será o mais lindo da minha vida.

Ah, e podem rir da minha cara de louca soprando esses vidrinhos ...







domingo, 7 de agosto de 2016

Seguimos em nosso processo de construção

Prazer enorme trabalhar com uma equipe madura, dedicada e delicada. Aos poucos nosso Jardim vai tomando forma. Muito bom me deixar levar pela criatividade, sensibilidade e principalmente pela delicadeza de Cristine Conde. Total confiança e harmonia. Muito agradecida e todos!!
Abaixo alguns registros de Ivana Lima sobre o processo.








Aqui nosso cenário no processo de produção e pesquisa







domingo, 10 de julho de 2016

O começo

Começar algo nem sempre é muito fácil. Em meio a tantos afazeres as vezes protelamos o início. Aqui começamos por escrever nosso texto. Estreitamos laços e trabalhamos com uma artista de outra cidade pra contribuir conosco neste escritura. Está ficando ao nosso gosto, singelo, poético, conciso. Tem sido agradável conhecer nossa escritora, a Carolina Santana, por sua escrita. Espero em breve conhecê-la pessoalmente.

Começamos também pelo nosso cenário. Está ficando uma belezura. Metros e metros de tecidos tecendo nossos sonhos. Sonhos que logo vamos compartilhar. Olha só os primeiros desenhos:




Aqui nossa pesquisa na utilização dos materiais. Essa moça bonita com sua filha Helena na barriga, é a Marina Prado, nossa consultora de instrumentalização circense. A Helena está crescendo junto com nosso Jardim e deve vir ao mundo próximo a primavera. Floresceremos...




Estamos nos divertindo...



Temos uma equipe muito especial! A começar por nossa diretora Cristine Conde que é, antes de tudo, pura delicadeza. Coisa rara hoje em dia. Só tem gente fina! Bacana mesmo. E a todos agradeço por fazerem parte da minha vida.

Da só uma olhada no link abaixo e acompanhe o trabalho desse grande artista, o Ernesto Neto, fonte de inspiração para o nosso Jardim:

http://www.fortesvilaca.com.br/artistas/ernesto-neto


Bom por enquanto é isso, o começo...

Fabiana Ferreira